sexta-feira, 15 de julho de 2011

texto a partir do filme Habana Blues

Habana Blues


O filme se passa em Cuba. Bandas de diversos estilos na cidade de Havana existem, até as mais surpreendentes como bandas de Metal, Rap, e outras misturas musicais. Lembra o Brasil essa mistura de influências em um só contexto.  Os músicos procuram se reunir e mobilizam bastante o público, cidadãos cubanos que vêem liberadas e representadas as suas angústias e necessidades comuns, mas com as restrições mercadológicas da política cubana, fica difícil produzir maiores eventos, as produções são precárias e poucas são as chances de sucesso.
A banda dos dois protagonistas está atrás de uma oportunidade de ser lançada no exterior, na Espanha, que é onde vêem uma possibilidade de liberdade de expressão e conquista de público e visibilidade mundial. Surgindo a oportunidade , correm atrás de serem vistos por produtores espanhóis caça-talentos, que estão na ilha buscando uma “exoticidade inédita” musical, porém moderada.
O que vai sendo revelado aos poucos é que a agência quer um contrato muito confortável, que prende os músicos a seus interesses mercadológicos. Como mais um produto proibido do tráfico cubano, no business da indústria do entretenimento é o cliente que escolhe o produto.
Os trâmites mercadológicos para difusão da musica muitas vezes colocam o real talento (que já é algo bem relativo) em segundo plano. O produto artístico pode ser promovido e modificado de acordo com as intenções de venda e difusão.
Os artistas se vêem pressionados a diminuir seus localismos, mudar a sua expressão artística para vender, não mais para se expressarem melhor, e vêem seus propósitos descaracterizados. 
O grande público não vai correr atrás de entender algo estranho. E a empresa musical está interessada no grande público. As feições da arte se desfazem nesses trâmites de interesses, tanto para os produtores executivos quanto para os artistas.
Fica claro que a união da classe pressionaria os produtores executivos a se submeterem um pouco mais, já que os artistas podem parecer diminuíduos frente à força da grana, mas são essenciais e “peça” da qual os produtores dependem.
Em meio a tudo isso, questões familiares são postas a prova. É revelada a dificuldade de se sustentar uma família e cumprir acordos de horários com a rotina de ensaios musicais, há conflitos quando se reúnem muitos músicos com idéias e interesses minimamente diferentes, etc...
Apesar de tudo, no círculo de amizades dos artistas ainda se acredita na arte verdadeira mesmo que para isso tenha que se viver na pobreza.
Um dos integrantes da banda decide se submeter ao contrato para ir à Espanha e tentar a sorte com mais liberdade; o outro, seu grande amigo, decide ficar e investir na sua carreira na própria Havana. Assim, apesar das incertezas quanto ao sucesso da banda, num clima de alegria fraternal quase Disney, termina o filme.

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