quinta-feira, 14 de julho de 2011

Relatório do projeto

 Projeto Toc’aqui
pra tocar pra frente


RELATÓRIO

INTRODUÇÃO
Inicialmente a vontade de realizar essa ação surgiu entre mim (Isbela Trigo) e Aline Coelho, uma amiga que integrou comigo a banda do colégio no 3o ano. Apenas desejávamos aprender os ritmos tradicionais e tocar nas bandas de percussão da cidade.
Com as discussões em sala de aula sobre as ações culturais em Salvador e sobre e polêmicas envolvendo questões étnicas e movimentos de resistência relacionados manifestações de matriz afro, pensei que poderíamos realizar essa ação por iniciativa própria, pensando mais profundamente nesse sentido.

MOVIMENTOS REAIS
               Desde abril, contei com o apoio de Aline para iniciar as movimentações. Enviei o projeto escrito para ela e decidimos que deveríamos visitar o Projeto/Banda Didá, as Filhas de Gandhi, e a Escola Percussiva Integral, no Cabula.
               No dia 13 de maio, me reuni com mais um amigo interessado em colaborar, Artur Soares, baterista e graduando em Belas Artes. e estudamos um pouco de fundamentos de samba-reggae com de um vinil do Olodum, acompanhando com um repique e um pequeno tambor.
              Na quarta-feira, dia 18 de maio, fomos eu e Aline até a sede do Projeto Didá, no Pelourinho. Visitamos a instituição, e fomos recebidas por uma senhora (secretária) e algumas jovens (alunas do projeto) que estavam no térreo com a pergunta “vocês são de Salvador?” e certa surpresa pelo nosso interesse. Desta vez para a minha surpresa, declararam que poderíamos nos matricular livremente a partir do próximo semestre, contanto que assumíssemos o compromisso de frequentar todas as aulas, que incluem teatro, canto, dança, estética, e outras aulas que ocorrem todas as noites... Como o nosso foco estava apenas no grupo de percussão, subimos as escadas para conversar com a coordenadora Viviam de Jesus. Perguntamos como poderíamos frequentar as aulas. Ela disse que, sem estarmos matriculadas, teriamos que negociar um valor de inscrição para frequentarmos as aulas ou fazermos as aulas particulares, que ocorrem de dia e são pagas. O clima era como o de rotina de uma empresa, a coordenadora não nos pareceu muito interessada em nos esclarecer detalhes do projeto ou da banda, nem animada com possíveis contribuições de novas integrantes. Porém, fomos bem recebidas, e me supreendi que houvesse essa abertura burocrática em relação as condições sociais para entrar no projeto.
                 Depois, fomos à sede das Filhas de Gandhi, que estava fechada. Pegamos o contato de uma coordenadora, mas sabíamos que o ritmo tocado pelo grupo está mais para o afoxé, que não é o que preferiremos.
                 Ficamos na dúvida entre duas opções: chamar todas as possíveis interessadas em formar a banda e realizarmos aulas particulares com os professores da Didá, ou entrarmos na banda num momento inicial para aprender o necessário e, futuramente, passar o que fosse aprendido adiante ao resto do grupo, em ensaios separados. Cogitamos um total de 6 integrantes, nesse caso.
                 Liguei para a Escola Percussiva Integral, no Cabula e obtive as informações dos propósitos do projeto e público alvo. Pensei que não se encaixaria nos planos do cronograma, pois não haveria a disponibilidade de frequentar somente a percussão, e que, com esse projeto, não teríamos muito a contribuir com a Escola, pelo contrário, só demandaríamos. Cogitei ligar diretamente para o professor Wilson Café para pedir a opinião dele, mas por falta de certezas quanto às propostas não o fiz.
Uma semana depois, pesquisando bandas na internet, descobri o grupo Batalá, o qual já citei anteriormente no texto do projeto. Tentei estabelecer contato enviando um email e não obtive resposta. O projeto inspirou e, ao mesmo tempo, fez pensar em questões-chave como a referência às matrizes afro e à recente criação do samba-reggae, bem como a disseminação dessa prática em todo o mundo como parte de um estilo de vida que pode ser compreendido de diversas formas.
Decidimos voltar lá em um dia de ensaio da Banda Didá, para sentir o clima e ver como de fato seria cairmos ali de pára-quedas. Aline conhece um dos professores, e quem sabe, conversando com ele teríamos um panorama melhor de como tem se desenvolvido a banda. Porém, essa nova visita foi sendo adiada por incompatibilidade nas nossas agendas, e acabou não ocorrendo.
                 Sondamos e encontramos mais duas interessadas em integrar a iniciativa: Jéssica Souza e Sophia Góes. Jéssica entrou em contato com um percussionista e fez uma aula. Outros quatro conhecidos afirmaram interesse e se disponibilizaram a participar quando tivéssemos um ensaio ou saída marcada.
                Em junho, não conseguimos dar continuidade as iniciativas por causa dos compromissos conflitantes que nos impediam de ir novamente no dia específico. Com a consciência de que já não havia tempo hábil para fazer um primeiro desfile-apresentação com a banda já ensaiada e organizada, pensei em desistir de apresentar esse projeto na disciplina e iniciar um outro, pois para dar os próximos passos, precisava da garantia da presença das outras pessoas na ação.
                 Na segunda quinzena de junho, questionei se ainda estávamos todas interessadas em dar prosseguimento. Aline reafirmou que sim. Jéssica e Sophia se disponibilizaram em ajudar com o que fosse possível à partir do que decidíssemos. Decidimos então aproveitar a ocasião da comemoração da Independência da Bahia, o desfile do Dois de Julho, e realizar uma saída-teste com instrumentos improvisados de itens domésticos, sem pretensões de qualidade sonora, apenas para observar as dificuldades e reações da saída em público, pensando também na associação do uso desses utensílios para a música ao deslocamento do lugar-comum da mulher como dona de casa.
                Levando baldes, bacias e um pequeno tambor, nós quatro chegamos lá às 7h30 da manhã, horário previsto para a saída, porém na realidade ainda era o início da concentração. Numa pequena andada para chegar na Lapinha (local de saída do cortejo) tocamos um pouco e despertamos com humor a curiosidade e comentários das pessoas ao redor: “olha só, de panela!” Lá haviam diversos grupos percussivos e bandas, tanto tocando marchinhas com metais, como sambas-reggae e outros ritmos brasileiros. Penso agora que devíamos ter feito contato com eles, saber quem são, quantas vezes ensaiam, onde se apresentam. Nos posicionamos atrás de um dos grupos e acompanhavamos o seu toque, ouvindo-nos pouco. Apesar do nosso som ser pouco significativo frente aos grupos profissionais, só nossa imagem e nossa atitude já chamava atenção, com a simpatia de uns, humor, e a curiosidade de outros. Ouvimos comentários do tipo “-olha as gringas!”, que são um exemplo perfeito da ideia de sermos estrangeiros na própria terra que abordei no projeto.

CONCLUSÃO
Finalmente, creio que o projeto tem mais chances de ser realizado se começando aliado a uma escola. Creio que primeiro devemos nos reunir e participar de um dos grupos já existentes, como a Didá que nos abriu suas portas, para aprendermos não só a tocar em conjunto, mas a entender o funcionamento de uma banda e fazermos contatos com mais pessoas interessadas em percussão. Só a partir daí abrirmos a iniciativa da banda. Creio que a saída no 2 de Julho comprovou que uma banda de percussão é uma iniciativa que desperta o interesse, agrada e desperta as pessoas ao redor. Também ficou destacado o bom resultado sonoro e conceitual da utilização de instrumentos improvisados e customizados, que possibilita além de tudo a ação de quem não tem condições de comprar os instrumentos padronizados. Com esse exemplo do Sábado, creio que um bom método para iniciar seja saídas com menos de 10 pessoas, seguindo eventos públicos como passeatas, festas, procissões, para conquistarmos familiaridade em tocar em ambientes externos e públicos. Depois, então, iniciar as saídas independentes.

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