quinta-feira, 14 de julho de 2011

Projeto de banda percussiva livre

Projeto Toc’aqui
pra tocar pra frente

Introdução
               É natural da humanidade a vontade de tocar os tambores da sua tribo, os sons da sua terra, os ritmos que se ouvem desde a infância. Mas muita gente aqui em Salvador não faz isso. Na terra do axé, não existem caminhos prontos para quem, não se encaixando no perfil de projetos sociais, quer se inserir e se identifica com a cultura afrobaiana. Nem há grupos percussivos importantes de livre iniciativa e participação fora do âmbito dos projetos. Mesmo sendo Salvador um pólo de criação e prática de diversas tradições culturais afrobrasileiras, a ligação direta com a questões sociais – de grande necessidade e valor- restringem a abrangência do movimento, que não é incorporado nas práticas da elite que se coloca comodamente distante desse mundo. Vemos essas práticas “folclóricas” a serviço de um turismo espetaculoso, envoltas por machismo, pela teia de preconceitos de uma elite que tem medo de se misturar e pela tendência dos movimentos de resistência com razões de sobra para querer se preservar.
A arte pulsante da percussão conecta, traz vida, une. A Tocaqui reuniria um grupo de interessado(a)s em aprender a tocar percussão, com atenção especial aos ritmos afrobaianos como o samba-reggae. Formar-se-á uma banda que se apresentará mensalmente nas praças da cidade e nas ladeiras do Pelourinho.
Temos o exemplo da inspiração do grupo de percussão feminina Batalá, criado por um baiano na Europa, que é livre para a participação de mulheres de todas as idades e tem representantes e apresentações em cidades de diversos países. Nos relatos, participantes felizes dizem ter sua autoestima elevada, um orgulho de fazer esse som, a força do som, e a parte física contemplada com o exercício de carregar os intrumentos e realizar os movimentos. O som é impressionante e faz sucesso por onde passa.

Quem: banda de percussão com no mínimo quatro pessoas, com um incentivo destacado para a participação feminina, porém livre para todas os interessados e disponíveis para ensaios e apresentações. Ideia iniciada com Isbela Trigo e Aline Coelho.
Participação prevista de regência de mestres-maestros da percussão.
Destinado a QUALQUER pessoa que quiser e tiver disonibilidade de participar dos ensaios, e a todos os cidadãos que estiverem nas ruas e praças durante os desfiles. Os integrantes da banda também emprestariam seus instrumentos aos interessados por alguns instantes, possibilitando que os transeuntes toquem com a banda e tenham uma vivência real de ação artística e conexão (não só restrita à contemplação) com os ritmos e tradições.
Local: Desfiles em praças e ruas sem tráfego de automóveis da periferia e da área nobre de Salvador: Pelourinho, Orla, Campo Grande, Rio Vermelho, Lapinha, São Lázaro, Santo Antônio.

Objetivos
               Proporcionar aos transeuntes uma aproximação e contato mais direto com  em diversos ambientes da cidade. Mostrar a necessidade de reapropriacão da cultura baiana por todos os baianos. Promover uma abertura da participação e incorporação de práticas percussivas de tradição . Reconhecimento e legitimação dessas manifestações nos âmbitos em que são pouco valorizadas, e incentivo à incorporação desse saber-fazer pelas diversas faixas sociais de Salvador. Amenizar a segregação e a restrição mental que mantemos entre as diversas influências culturais que temos, como se fosse possível  exercer supremacia sobre elas. Dar o sangue nos tambores para alcançar os estados e a força que podemos ter. Valorizar e tornar mais praticada a percussão do samba-reggae, diante das múltiplas referências globalizadas que temos.
Despertar a reflexão através do espanto de ver um grupo inusitado tocando esse tipo de música (mulheres, brancos e negros juntos e fora do Pelô, por que não?).
Tentativa de quebrar a divisão imaginária entre o circuito nobre de salvador (Orla) e o periférico. Trazer os interessados para transitar com mais harmonia e respeito pelos dois lados.
Contemplar também pessoas que não se encaixam nos padrões de necessidade para participação de projetos sociais como o Axé, Olodum, Didá, porém promover a união com esses grupos na intenção de fortalecer esse movimento e a incorporação desse cenário musical.
Identificar e promover a religação ativa com as raízes em que os baianos se reconhecem, porém da qual muitas vezes se vêem deslocados. Parar de contemplar as tradições como se fossem estrangeiros em sua própria terra.

Metodologia
                  Reunião de interessada(o)s, inscrição/ matrícula em projetos e escolas de percussão para aprender o necessário para tocar bem, busca de instrumentos com amigos em escolas ou projetos que se interessem com a iniciativa de sair às ruas, parceria com grupos de percussão já existentes, aulas preparatórias nos grupos, intercâmbio com o grupo Batalá, contribuição de profissionais interessados (mestres-maestros). Ensaios de 4h semanais e apresentações públicas. Posteriormente, ter espaço e material de maneira a nos desenvolvermos independentemente, a assim começar a admitir muitos novos integrantes. Considero a possibilidade de utilizar materiais reciclados ou construir instrumentos a partir desses materiais, a exemplo do grupo Stomp ou Insucata Som, e realizar oficinas de construção e ação musical em escolas, etc.
Período: contínuas apresentações mensais, ensaios semanais.
Materiais: surdos, dobra, repique e caixa. Possivelmente um uniforme ou figurino para despertar um brilho visual da banda.

Cronograma inicial
18/05 – sondagem de escolas percussivas para frequentar e possíveis parceiros
18/05 – Terão sido realizadas visitas aos grupos percussivos e pedido de apoio e instrução. Contato com o grupo Batalá.
30/05- reunião com interessadas em formar o grupo, discussão de perspectivas e intenções
7/06 – Busca de materiais, ensaios
14/06 – ensaio semanal
23/06 – 1a apresentação-desfile na rua

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