sábado, 16 de julho de 2011

MEPHISTO - filme


            O filme, baseado num livro, é inspirado numa história real.
            Hendrik Höfgen é um ator de talento. Frustrado com o seu sucesso ainda provinciano, está em processo de tentativa de construir um teatro revolucionário na Alemanha. Ele repudia o partido Nazista, que começa a subir ao poder, mas não se envolve intensamente com a política. Prefere focar suas atenções na prática da arte, que é segura e imortal.
           Surge a oportunidade de trabalhar para o governo e se tornar prestigiado entre os manda-chuvas do nazismo que já estavam com bastante poder, e ele embarca num sucesso sem precedentes.
O ator tem problemas quanto a sua imagem, tem vergonha. Orgulho e fama são questões que incomodam ativamente a sua vida.
            O status de ator preferido do primeiro ministro traz visibilidade para os seus trabalhos e esse pouco mais de visibilidade é o suficiente para conquistar públicos e diversificar seus trabalhos com mais impulso, do jeito que ele sempre quisera.
Fica exposta a necessidade do teatro para formar imagens da cultura alemã em construção.
           O ator é chamado para assumir a diretoria do teatro mais importante da cidade. Lembrei do nosso diretor, professor e ator, Sergio. Como um ator, o personagem se pergunta como encarar um emprego como esses: mais um papel a interpretar?...
          Depois de inflarem o ego do ator para que ele agisse em prol os interesses do Estado Nazista, quando ele começa a fazer exigências e pedidos demais por se achar importante, é tratado como um mosquito insignificante, e ele fica de novo naquela posição de quando era menino e mandaram ele ficar quieto ao cantar em uma oitava acima que o resto do coral. Mas o teatro persiste e ele parte a encenar Hamlet.
          Uma peça pode ter o poder de definir e mobilizar uma nação. Os atores que querem liberdade saem do país. Ele não sabe se quer liberdade. Ele não decidiu ainda o que quer. Ele só quer o poder de transformação da sua pessoa nos palcos e a admiração da plateia. O filme tem insinuações e sugestões instigantes implícitas em alguns detalhes e escolhas.
             Com a voz do primeiro ministro aclamando o seu nome, arrodeado de luzes, o filme termina com Höfgen dizendo que é apenas um ator. O que me remete à música de Tom Zé, Todos os Olhos: “De vez em quando todos os olhos se voltam pra mim de lá de dentro da escuridão esperando e querendo que eu seja um herói. Mas eu sou inocente, eu sou inocente (...) De vez em quando todos os olhos se voltam pra mim, de lá do fundo da escuridão esperando e querendo que eu saiba. Mas eu não sei de nada, eu não sei de nada...

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